sexta-feira, 6 de abril de 2012

Interpretação ao Vivo nas Festas de Luanda

Pausado, a fazer um "rollet" pela internet, cai-me o link de um website dado por uma amiga em que o título do link era: Sexo ao vivo nas festas de Luanda.
"Maro" aquela lenha, mais de 100 comentários. Finjo-me também de intelectual e começo a ler a cena.
No final, comecei já a espumar, de repente os meus "kalundús" me subiram e lá estou eu na sala a "bungular" no tapete. Tudo porque no santo texto só faltou dizerem que a nossa sociedade tem tudo para não ser irracional! Aiê?
- Ah, porque não, "jovens na idade de "leito", sobretudo meninas, tornam-se "prezas" de rapagões que deleitam endiabrados". "Nas zonas periféricas, os rapazes pagam 200 usd". Aiê?

Antes de mais, querem dar-nos a impressão que é um mero fruto da vulgaridade e de um desejo sedento de ter os ares de Sodoma e Gomorra pairando sobre nós. Aiê?

"Nos últimos tempos tem sido frequente o aumento de sexo ao vivo nalgumas festas da cidade capital. A imundice transvaza o racional". Aiê?

Se for só de falar, eu também aguento. Mas estão aonde os porquês? Porquê que isso tem sido frequente?
Mas para você apelidar que algo "transvaza o racional", não deveria antes existir uma certa referência que dar-nos-ia a possibilidade de medir o que realmente é racional ou não para a nossa sociedade? Essa referência de medida, não chamam de educação nem nada?

Agora é que Vamos "memo" já Lá Ser Sinceros! Se "memo" você, o "talo" jornalista que está indignado, está a escrever "prezas, rav, rays, streep", comete erros absurdos de número em suas frases num texto tão pequeno, está a dar uma de que está surpreso com o andamento da nossa sociedade? Logo você? Aqui estão a mandar indignação. O que podemos esperar duma sociedade que nem mais nos órgãos de comunicação podemos aprender a escrever em condições?

Eu sei, nesse momento estás mesmo a dizer, o Mauro não poderia fazer isso, que fingisse "inda" um pouco. É por fingirmos que estamos assim. Os que estão sempre a errar não são repreendidos. Nós estamos a chafurdar na lama por falta de um bom ensino académico. Quem aparece para dar exemplo, parece-se mais com uma conta de 1+1, ou seja, o que aprendes com esse exemplo de nada te ajudará na prova.

Voltando às nossas festas...
Que festa é essa que alguém da periferia consegue pagar 200 USD? Será que a família toda do Bill Gates está no Cazenga? Sambizanga? Precol? Será? 200 USD para ir à uma "rave"? Numa zona em que nada ou quase nada existe, as pessoas dependem da sua força de vontade, garra e imaginação para continuarem a sorrir, estão a espera que predominem festas de gala? Não, talvez uns bailes de máscaras. Aham, não. Querem que as pessoas vistam-se decentemente, porque é assim que deveriam vestir, visto que em 1998 naquela época ninguém metia colã, muito menos metiam calções a mostrar as bochechas. Isso aconteceu de repente. Aqui tipo "tão" a "brincá cô" vida! Ou não "memo"! Estão todos a viver a vida.
Mas então, você que desde manhã até à noite está a "travá cô vida", está a ver um certo glamour nas saias curtas, estórias de que é preciso viver a vida. Ah porque escola mesmo não dá para nada. Mínima brecha é flash daqui, flash d'acolá, se desse até seria o Flash da televisão. Assim só vais mesmo resistir por gozo à tentação?
Quando um assunto desse é trazido à tona, "tril" trilhões de comentários cingindo-se apenas à condenação. Poucos são aqueles que aparecem com uma ideia plausível explicando que nós estamos a discutir consequências. Em engenharia, ensina-se que consequências são alteradas se entendermos as causas. Consequências são como os gostos, não se discutem. Mas as causas... Sim, essas sim!
De tudo, o que mais me admira é que à luz do sol são todos uns santos, ninguém gosta, todos criticam... Agora eu pergunto: Será que só se envolvem nessas cenas quem não tem acesso à internet? Porque razão ninguém dá as caras nesse momento? Se temos tantos intelectuais e homens descontentes assim, porque razão poucos são aqueles que ao menos num único Sábado do mês vão à uma escola pública ler ao menos uma estória para os meninos?
Aham, estavam "pelenguenhados" ou não tinham mesmo vontade?
Assim eu também faço meus caros, assim eu também falo!

Quando é que iremos interiorizar que não passa apenas em dizer que não está bom? Quando é que iremos perceber que de acordo a nossa percepção do mundo, os gostos também variam?
Temos uma sociedade que para perceber muitas coisas vistas na TV, precisa de cenas sem ambiguidade, não aprendem o correcto vendo o errado, muito menos o correcto com o correcto. Quando passa algo não aprendem, imitam!
Dizer que está errado não basta, se esse erro não for devidamente explicado. Não é assim que aprendemos na escola? Não?
O que eu estou a tentar dizer, é que:... Eu não vou esclarecer nada, interprete do seu jeito.

A nossa sociedade já se perdeu na geração dos nossos pais. Mas só agora é que estamos a ir para as ruas bater lata. E isso está a deixar muita gente sonolenta, alarmada.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Macumba Online

Esse assunto é que nem Moët & Chandon. Cada um tem o seu ponto de vista acerca do sabor. Uns atiram-se ao chão de desgosto, outros escrevem cartas de amor e sonetos de adágio ao produto.

Na minha África o mercado de trabalho não anda muito bom para os nossos kimbandas. Xi, parece que uma espécie de crise europeia abalou completamente as estruturas de quem há muito trabalha nessa área com amor e carinho. Tudo porque um macumbeiro europeu não é um simples macumbeiro. Ele é um mago! Um homem que congrega em si um "kibuto" rijo de conhecimentos, todos querem o conhecer, e estar ao seu lado, são sucesso absoluto. Pois é, um feiticeiro no qual você deve deixar os "i’s" soarem bem; para o europeu você tem que afinar e muito.

Já um africano… Ai um africano! Até eu se apanho um "feticero" dessa estirpe piso-lhe no peito e lixo-lhe a "muchachala" toda juntamente com o cabedal. Tal como a trotinete de madeira que começou cá e regressou metalizada e muito cara, o mesmo aconteceu com a feitiçaria. Só é bonito se for "Made in Europe". Doutra forma, "mbora" lá matar os camaradas.

Entretanto com essa cena de globalização e tecnologia, surgiu a macumba online. O que fez com que muitos homens de "pembas" largassem a função. Você recebe um e-mail ou um post no Facebook detalhando uma estória, e no final: Reenvie senão a sua mãe morre. Muitos enviam e reenviam, mas sinceramente; adianta mesmo? É muito trabalho para pouca gente. Quer dizer, tirando os pedidos que chegam nos gabinetes dos "chiras", agora também têm que matar as mães de milhões de desconhecidos? E para piorar nem metem o endereço. Ah, porque a tua mãe vai morrer se não reenviares. Assim o coitadinho do "kimbanda" vai lhe apanhar aonde? Como é que ele vai montar a "tala" (mina terrestre tradicional)? Ham?

Se antes, os bruxos bungulavam em sua porta ao som de músicas sem ritmo, materiais gastos e tal, o que faziam com que as danças saíssem mal; de lembrar também que dispunham de poucos toques de dança, eram mais jaracuzas, poperôs e gato preto; diminuindo assim, o grau de efectividade das suas acções drasticamente por gastarem muita concentração ao escutar a música de ataque e repetir muitos toques.
Hoje em dia, eles cruzam já com um dj de renome tipo o Malvado ou mesmo o Kapiro na porta das suas vítimas. O dj põe-se a “suculentar” muito som rijo a saírem numas JBL e o kimbanda puxa o seu portátil e começa a mandar os toques na porta. Em caso de dúvida ele pode rapidamente aceder o You Tube e checar um toque novo que já esteja a rolar.

Sabendo que as coisas funcionam mais à base da proximidade, e no caso das "talas" é fundamental que o "kota bwé" saiba aonde a sua vítima irá passar para que possa pisá-la. Como é possível vocês quererem matar alguém por e-mail?! Co-mo? Assim "memo" se isso fosse possível vocês acham que os Estados Unidos da América iriam vos deixar em posse dessa divindade? Achas que iriam destruir nações quando poderiam apenas mandar um e-mail para o Saddam Hussein, Muʿammar al-Qaḏḏāfī ou mesmo para o Osama Bin-Laden? Era só um e-mail e já era!
É que seria festa grande! Estás furioso com alguém, e simplesmente dirias: Só se nunca mais abrires o teu Facebook ou a tua caixa de entrada de e-mail, porque eu vou te mandar uma pemba rija. Todo mundo estaria a correr das redes sociais porque estariam a se "bondar" por tiros online! Queres a namorada de alguém, era só mandar: Se não enviares para 3500 pessoas a tua namorada será minha. É que para pôr o "me gosta" não seria mais aquele trabalho todo de ter que "tramancar" o biquini da pinta para se fazer o grande trabalho. Tudo seria mais rápido e ao alcance de qualquer um.

VamosLá Ser Sinceros! O que é que leva alguém a reenviar essas macumbadas electrónicas? Será o simples apetite de cair numa estupidez? Querer reconhecimento da sua falência neuronal?
Assim mesmo sentaste, leste, e logo após gritaste: "Uauê, "lelô"! Deixa enviar agora "memo", antes morrer a mãe do meu amigo (porque você envia ao seu amigo) do que a minha! Se a "kota" então entregar as pastas (bater as botas), vais assumir a autoria do crime? Isso é o cúmulo do medo e da superstição, misturada com 15 colheres de egoísmo numa solução já saturada.

Falando em crime... Será que esse tipo de desacato deveria ser considerado como uma tentativa de homicídio culposo?
Por outro lado; será que eu é que estou enganado e no final das contas são todos uns bruxos aqueles que enviam essas mensagens aos outros? Pode ser que tenham ido à um "kimbanda" buscar feitiço mas antes de receber o pau deveriam enviar 150 e-mails aos seus amigos pedindo para reenviar, senão nada feito.

Pensando bem, a tecnologia deve ter mesmo afectado tudo. E como no caso das superstições nós raramente sabemos quais têm sido as inovações, se calhar os bruxos estão mesmo a criar esses posts e a publicarem no "wall" dos seus amigos. Pelo sim, pelo não, vamos deixar os pancos se divertirem um pouco.
O pior será se no final de tudo, eles estiverem com a razão!