quarta-feira, 6 de junho de 2012

Mortal Kombat

Sem sombras de dúvidas foi o meu jogo predileto quando era "caçule", naquelas épocas em que mínima volta eu estava a segurar no comando e a varrer os meus "kambas" no jogo. Eu era "memo" estragado no "Mortal Kombat", jogava demais. Bastava ouvir "Round 1" e 10 segundos eram o suficiente para acabar com o adversário.

Todos os santos dias eu jogava. Prática, prática e mais prática. A violência daquele jogo era sensacional. Só me diziam, esse jogo vai te fazer ficar muito violento. É melhor parares, e sei lá mais o quê. Mas como sabem; as pessoas não sabiam o que falavam. Eu sempre fui uma criança dócil.
Porém, já dizia o grande ditado: O povo não mente, só fala à-toa. Eu continuei dócil, mas havia alguém que só acompanhava os meus jogos de longe, mas estava a assumir atitudes um tanto quanto agressivas.

E foi assim que num feio dia eu correndo para ir jogar, depois de ter "matabichado", escorrego, tropeço, bato na parede e espalho o prato e a chávena no chão. No primeiro soar cintilante da loiça batendo no chão, ouvi apenas: "FINISH HIM"! 4 Segundos depois... "Brutality". Alguém fez na vida real o que eu não conseguia fazer no jogo. Fiquei assim por 20 minutos tentando entender o que acontecera. Minha tontura que nunca foi racista, começou pelo preto, passou no branco e terminou num festival de cores. Apanhei uma surra perfeitamente executada, golpes desferidos em pontos vitais de tal forma que o meu corpo teve que parar e pensar antes de começar a sentir as dores. Eu tive que fazer gestão de toque, ou seja, duas mãos para tocar todas as partes do corpo. Não deu! Só consegui dizer duas palavras: Mamã uê!
Mesmo tonto, acertei! Era a minha mãe que havia me voado com um bico do peito puxando de primeira uma combinação de "ashi barai" terminado com "uchi mata" e o resto as minhas câmeras já não fizeram mais referência. Em meio em tanta dor eu só dizia: Minha mãe me batotou, esse código que ela usou, nem existe no jogo. Batoteira!

Mas Vamos Lá Ser Sinceros: Quanto é que custava o jogo de loiça naquela época? Darem-te cabo do cabedal por causa dum copo?! Mas será que naquela época, um copo custava 100 dólares? No top das coisas mais horrorosas que poderias fazer em casa, estava partir um prato, ou um copo. A minha mãe quando ouvisse algo a bater no chão, mandava um sonoro e agudo "uatchá"! Assim "memo" já "Bruça Lee" lhe subiu. Nem vou falar do meu pai, porque é feio hoje em dia dizer que um homem já rugiu com o seu nenê porque ele deixou cair o copo preferido.
Há quem até fugia de casa. Só porque partiu o copo. "Num" era "inda" porque deixou cair a panela cheia de feijão. Era mesmo só um copo, prato, ou chávena vazia. Nem imagino se tivesse vinho lá dentro. Entretanto, continuo sem saber os custos envolvidos. Não há quem não tenha sido sambado da cabeça aos pés por ter partido um prato. E se achas que nunca te aconteceu, lembras-te daquele dia em que não fizeste a cópia e te bateram tipo se atiraste no banheiro da casa-de-banho cheio de água? Yá, nesse dia, 1 minuto da porrada foi pela cópia os outros 59 minutos foram dos copos que andaste a partir e deixaram passar. Estava tudo a cair na tua poupança! Aproveito desde já dizer que agora você sabe porque razão nunca apanhaste tuberculose ou mesmo "jiba", não havia condições propícias para a doença se desenvolver por estarem sempre a pisotearem-te no peito.

Os tempos passaram, e o jogo retorna assumindo uma atitude mais moderna e moderada. Sem o famoso "brutality", sem os combos de 40 golpes. Espelhando perfeitamente os tempos modernos.
Tempos modernos para mim é ver o meu irmão partir um copo e a minha mãe lhe dizer: - Cuidado para não te aleijares, vá a cozinha e traga a pá e a vassoura!
Eu olho de lado, mancomunando com os meus neurônios: Esse "puto" vai apanhar tanto, eu nem vou lhe olhar para ele não vir aqui pedir ajuda. Vou ajeitar-me no cadeirão. Hoje terei o prazer de ver a minha mãe representar a sua ginga "bolachenta".
Tempo vai, tempo vem, tempo vai, tempo vem, o "ndengue" varre aquela lenha; e nada!...
É impressão minha ou alguém aqui "tá a brincá cô vida"? Cadê a bofa? Cadê aquele "acarque saburoso"? Isso é uma brincadeira de mau gosto. Olho para a velha e lhe atiro: "Cumê mamoite", "num" vai sair "a quarquere cuesa"? Até já afastei os cadeirões para salvaguardar o móvel. - Nem com isso! Ou a minha mãe está tipo o novo jogo, mais complacente com o adversário, ou o copo está a custar 1 kwanza. Porque se me deram, é porque era bom. Se era bom, também quero que partilhem com o meu irmão mais novo, porque até, eu não sou egoísta. Continuo dócil.

Me digam só porque razão estão a mudar o sistema educacional rupestre e tradicional! Porquê?! É por isso está tudo a ficar assim. Com pouca idade, esses miúdos já partem a loiça que é uma coisa doida!

Feliz Mês das Crianças!

13 comentários:

  1. Mês das crianxas e xtas a mandar bater as crianxas!!!

    Agora entendi os comentários no face...

    Seus textos são sempre óptimos...

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    1. @Lua, não estou a mandar bater. Estou apenas a pedir que se reavalie o sistema actual de educação!

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  2. Não fiques com ciúmes do teu irmão, a tua mãe deu conta que afinal de nada vale batê-lo porque as dores que ele vai sentir não vai trazer o copo de volta.
    Quanto a mudança ao acho que deve-se ao reconhecimento do valor da pessoa. Pois, naquele tempo eu poderia entender que o copo era mais "Valioso" que a criança, pois apanhava por parti-lo, mas hoje parece que os pais tomaram consciência e decidiram simplesmente fazer o contrário, valorizar a criança ao invés do maldito copo partido.Não sei se estou certa, mas visto por estas bandas pode ser...

    Pena que estiveste naquela época neh...mas é próprio, todos nós precisamos de história pra contar, e essa é a tua. "FIXE"

    Beijo, sempre bom estar aqui!

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    1. Laudy, não me digas que num passaste por isso? Num pode, a pancada esteve no nosso seio como o leite no nosso berço!

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    2. Não propriamente kkkkkkkkkkkkk, meu pai sempre foi contra surras, mas já a minha mãe me bateu as vezes sim...mas não era por partir nada , era por lutar com o meu irmão mais velho... Só que ela arranjava problemas com o meu pai porque ele n gosta quem bate, e eu claro ganhava mais miminhos...KKKKKK, tive um caso um pouco diferente axo, kkkkkkkkkkkkkkk, mas enfim a infância com surras é real mesmo!

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  3. LOL
    agora lembrei-me do dia em que parti o espelho da casa-de-banho. O espelho no ar, e eu só imaginava a minha mãe a atirar-me também para o ar, e eu a partir também no chão, e a virar cacos! A hora da mamã chegar já estava próxima, já estava a dar rua Sésamo, e eu chorava todas as lágrimas do meu corpo, só a pensar na surra que ia levar.
    Eu não sei o que passava pela cabeça dessa gente do partido único para estar a descarregar as frustrações nos filhos!
    Mas uma coisa é certa...não conheço crianças melhor educadas do que as angolanas, sobretudo aquelas da minha geração, a dos anos 80...

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    1. Mai, também não há de existir crianças que nos superem em boa educação. Eu até era telepata, conseguia ler a mente dos meus velhos: Hoje sinto que vou levar!

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  4. Ahahah sou suspeita para falar porque sou de uma época que já não levei surras nem nada por partir copos ou por qualquer outro motivo e apesar de acreditar que as palavras doem mais que as acções concordo plenamente contigo que muitas crianças de hoje em dia precisam de "estremecer" um pouco para ficar na linha.

    A tua criatividade combinada com humor é altamente! :)

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    1. Eluaia, é uma pena não eres sentido a adrenalina gerada por partir um copo. O kibutu de estórias e mentiras que crias só para se explicares são maravilhosas.

      Agora, agradeço imenso que tenhas passado por aqui, gostado e acima de tudo comentado. Altamente é podermos trocar ideias assim... Sem copos a serem partidos. Muito Obrigado!

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  5. Mauro coitado do marcio yh... tempos modernos agora nao se bate cnversa-se. VT

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  6. Tempo do partido único...
    E olha que naquele tempo não havia são paulo (arreiou) Mauro :P
    Quem naquela época não apanhou, quem??

    Hoje em dia a minha mãe diz: "coisas finas não podem estar em mãos grossas"

    ASS: Isabel Soares da Silva.

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    1. Hoje em dia ninguém mais pode tocar nas crianças porque elas são de vidro. Pronto deixa só já!

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  7. hahahahh dissest tudo.... a nossa infancia foi quente ya... hj em dia poupam mto esses miudos por isso é
    k ja n têm mais respeito...
    no nosso tempo tao a t pisar no peito tranca so a cara...

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