E é exactamente isso que nos traz de volta...
Esse grupo de energúmenos e energúmenas não conseguiram responder ou se calhar mesmo fazer as seguintes questões:
1. Abastecer hoje fará o quê?
2. Pouparei exactamente o quê?
3. Até quando terei esse combustível no meu depósito.
E no final, as mais importantes: Quanto vale o meu tempo? Quanto de combustível estou a gastar nesse engarrafamento?
Os que tentaram responder, após o auto-questionário, fizeram uma análise a curto prazo. Pois, a partir de amanhã e para todo o sempre amém, vai custar 200 Kwanzas ou sei lá mais quantos Lweis.
Essa mentalidade que está a ser demonstrada, espelha exactamente como a manipulação funciona e acima de tudo... Como deve funcionar. Essa récua toda acredita que irá poupar de tal forma que sentirá os ganhos dessa acção para os próximos 6 meses. Entretanto, não! Só que o maior desafio de um manipulador é exactamente esse. Como evitar que o seu sujeito tenha uma epifania e deixe de fazer o premeditado? Como fazer com que o óbvio não seja questionado?
Ao observamos o caso das bombas, temos as respostas todinhas aí pra nós, bem estendidinhas, esperando o sol raiar. É muito importante que o seu sujeito tenha uma sensação de ganho ou vitória a curto prazo. Ele tem de se sentir um investidor tipicamente angolano; daqueles que investem em Janeiro e querem ver todo o retorno do seu investimento em Março. E se parares pra analisar, é assim que as pessoas são enganadas! São atraídas e/ou iludidas pelo retorno imediato, por poupar hoje umas "nguirras" duns Kwanzas quando amanhã acabarão por pagar o devido valor e apenas sentir-se-ão ridículos quando forem estigados.
Um bom manipulador precisa criar estratégias que incitem essa corrida desesperadas às bombas ao ponto de ninguém questionar-se sobre o amanhã. Então, algo que podemos retirar directamente desses acontecimentos? Manter a informação do fornecimento como uma incógnita e dar um tempo limite. É inútil dizer à alguém para agir na hora antes que o tempo se esgote. Estarias a mostrar não só muita fraqueza, mas também, uma possível carência na demanda. Daí entra uma das componentes que eu mais adoro: O boato!
Xé, boato!... Você num brincá cô vida! Nenhuma campanha publicitária é tão poderosa quanto o boato. Todas as empresas trocariam o seu time de marketing se pudessem arranjar umas tias ou mesmo uns "madjês" que fossem implacáveis a espalhar boatos. O boato por não ter origem certa, faz da sua vida imortal. Ele é o epíteto da manipulação social. As propagandas políticas dariam um rim para conseguir ter o estatuto de um boato.
Quem tenta matar um boato cria outro boato que remete ao boato original e isso é fulcral para a incepção de uma ideia. Com o boato, muitas variáveis continuarão incógnitas. Não precisas dar informações sobre absolutamente nada além de que se não for agora nunca mais será. No entanto, é irreal conseguirmos criar um boato mesmo que seja nível 0,5 sempre que quisermos mudar a direcção do vento a nosso favor. Daí surge sempre a ideia de fazer a nossa ideia chegar ao sujeito da forma mais natural possível sem dizermos o plano à essa pessoa. Porquê essa volta toda? Porque tal como todos nós sabemos, temos tendências a rejeitar ideias alheias infundadas, mas como é que tudo fica quando a ideia é nossa?
Os paspalhos que ficaram horas e horas nos postos também acharam que a ideia de ir atestar o depósito fosse deles. Mas não... Possivelmente, quem espalhou o boato sabia que isso criaria um caos e as pessoas tentariam tomar medidas de precaução. Embora cá por essas bandas acreditamos não existir pessoas com tanta capacidade pra tal, vamos por alguns segundos dizer que talvez existam.
Assim encontramos outro factor que altera a nossa equação.
Quanto mais nos afastarmos como a fonte da ideia que circula melhor para o sujeito que pretendemos atingir. Um exemplo básico é o de pedir à um amigo para pedir à mãe ou falar com a namorada e parecer tudo um acaso. Seres humanos adoram um bom acaso. Quando estamos por detrás do engedramento de alguma situação, se fingirmos não saber, porém mostrar preocupação, não somos imediatamente suspeitos. Aí a nossa acção influencia mais rapidamente o resultado, mas temos que ser necessariamente cautelosos. Ao passo que se dermos vida própria à nossa "estória", criarmos um cenário que fale por si, encontrar uma ideia que faça brotar outras ideias e que acabam resultando num grupo de acções que dentre as quais o nosso desejo esteja incluído; tal como a subida do combustível, então jackpot!
É necessário muita paciência, até criar um boato como esse requer paciência. O que começou a girar de manhã, apenas começou a surtir efeitos a partir das 20 horas. E estamos a falar sobre algo que provoca pânico às pessoas. Obviamente que na vida certas coisas levarão meses, só não podes é perder o foco como os motoristas que tentaram salvar-se da pobreza abastecendo hoje.
Só que no meio desse magnífico exemplo dado pela nossa comunidade sobre como uma moeda a girar cria tumulto, um gajo pára e pensa:
Será que as angolanas já analisaram esse fenómeno há anos e foram passando os conhecimentos entre si? Por que é exactamente isso que elas fazem. Dão-te um "jajão" que irás conseguir tundimbar se te empenhares a curto prazo mas acabam te gerindo a longo prazo. Fica tipo: Yá, vais conseguir já já... Mas "vamo inda" fazer isso e aquilo. E quando assustares, já estás aí a pagar o novo preço quando que o que te levou às bombas era a ilusão instantânea de conseguir o combustível antes que subisse e complicasse. Mas os manos não notam...
Vamos Lá Ser Sinceros!
Bo Mambo!!!! kkkk
ResponderEliminarGrande texto, aliás, como sempre um exímio escritor!!
ResponderEliminar"Estamos feitos ao bife"😩😩
hahaha
ResponderEliminarBonito texto, nota 10 mais 1...
O boato tende isso.
DE LA VÉRITÉ
Como é que eu só descobri esses textos agora, 🙄👌👌👌😍
ResponderEliminarExcelente texto! O final soube ainda melhor...
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