sábado, 9 de março de 2013

Vida de Militar

Há dias em que depois de muitos debates acirrados com o meu pai ou com os meus tios, eles acabam sempre por me dizer:
- Tu nunca vais entender porque nunca foste à guerra! Não sabes o que é ser rusgado e levado à força para o campo de batalha.
Há então dias em que entro em casa a rir, e o meu pai olha para mim e diz:
- Se isso fosse na tropa... Esse tempo agora está bom, até consegues entrar aqui a rir.
Mas o dia mesmo que me matou, foi quando ele chegou para mim, e perguntou:
- Mauro, você "memo" assim aguentaria um ano na tropa?
Eu ri, ri, ri, ri, ri só para então começar a gargalhar, gargalhar e me estraçalhar no chão de tanto gargalhar por ele ter tido a coragem de indagar sobre algo tão absurdo. Absurdo, sim senhora! Ah porque tropa... "Mambo" dos fracos! Os fracos sim, aguentam a tropa.

Pai, vossa excelência quer falar-me de tropa, quando eu aguento um relacionamento à distância?!
Epá, Vamos Lá Ser Sinceros! Isso aqui não é a vida da Barbie.

Se existe algo pior que relacionamento à distância, certamente Deus está a guardar para fazer surpresa! Ok... Mil desculpas, existe o casamento, longe de mim querer baixar o estatuto do matrimônio em nossas vidas, mas também é quase tudo a mesma coisa. As duas decisões deveriam fazer parte de um pacote turístico que incluísse no final, uma viagem à Faixa de Gaza para uma semana com tudo pago. Com as opções deslumbrantes de presenciar um ataque terrorista na hora e todas essas cenas que as más decisões nos proporcionam. Aqui "num" há lá de se mentir, relacionamento à distância é uma má decisão! Não, desculpem, é uma má... Isso não entra na categoria de decisão.

Muito sinceramente, só quando fui parar na cadeia e vi-me rodeado de tantos marginais como eu, é que eu me dei conta que aquela lenha era melhor que um relacionamento à distância. Estar aí era mais prazeroso.
A verdade tem que ser dita! E hoje eu vou falar... Vida de militar comparado à vida de quem tem um relacionamento à distância é "pitisco"! É um "churra" mas aqueles bem assados!

Eu estou a falar de uma patologia social. Isto é uma doença! Não é para qualquer sapateiro, sabão ou sapo! Isso é coisa de macho, você vai todos os dias a pé à Pungo Andongo! "Tá brincare ou quiê"?
Aquilo sim é que é relacionar, você faz relação de tudo! Se aquilo mais aquilo faz sentido, se isso vezes isso é ponderável. E coisas do género.
No momento em que ligas para ela, ela dá-se o luxo de levar dois segundos para atender o telefone. Vejam só, dois grandes e longos segundos. Mas que raio de brincadeira é essa?!
Ela atende, e ao invés de mandares já o "eu então te amo bwé", que por acaso era o teu plano inicial, tu gritas:
- Xê, tu estavas a fazer o quê que demoraste assim tanto para atender o telefone? Ham?! "Num" gagueja, me diz agora. É por isso... Eu já desconfiava. As pessoas têm me falado. Eu já estava a ver! É por isso que agora só falamos três horas antes de dormir, agora entendo porque razão só me ligas seis vezes por dia... Oh, meu Deus porquê? Porquê que me deixaste entrar nessa?
E olha que estamos a falar de dois segundos de demora. Agora vamos só falar de chamada perdida... Oh pai! Se lhe ligares e ela não atender, engole só o teu cuspe, orgulho e sei lá mais o quê e não reclames. É melhor, meta uma chupetinha na boca e cale-se.
Agora, digamos que ela ligou-te e tu estás no meio dum "babulo" com um leão e o dito cujo está prestes a te voar. Ao notares a chamada, coloque o leão no "pause" e atenda a porcaria da chamada e nem adianta dizer que ela estragou o almoço do leão. Note que o leão até entenderá, mas ela não!

Nesse tipo de relacionamento, tudo acontece com mais intensidade. E quando eu digo tudo, eu me refiro à tudo sem excepção. Há muita expectativa e um senso agudo de estado de alerta que acabam corroendo a o que já está por um fio.
Quem já é um ciumento de natureza então, ah "mamauê"... Ele vai dormir cedo só para sonhar as possíveis coisas que a namorada pode estar a fazer. É incrível! Até o olfato aumenta. Tentas sentir o cheiro dela pelo Skype, mas não para matares as saudades do aroma que ela carrega e sim sentir se não teve um "catingoso", mal-cheiroso qualquer a lhe abraçar...
Oh, e falando em Skype, Viber, Tango, OoVoo e mais uns tantos outros programas de voz via IP. Eu nem sei se rejubilo-me com a vossa existência ou me desespero cada vez mais. Dias há em que decides ser aquele que espera pela chamada dela, e ela nada. "Num tá ligá"! Quer dizer, o "mundele" assim criou essa "jingonça" para você não usar?!

Entretanto, nem tudo é assim tão mal. Namoro à distância tem o seu lado bom, gostoso e positivo. Por exemplo nada. Sim, nada mesmo!
Não tem nada de bom e de positivo nisso! É treta, para não dizer certas palavras obscenas que se coadunam e cairiam como uma luva para descrever esta cena. Cuidado, "num brinca cô vida"! Se estás prestes a entrar num relacionamento à distância, fuja agora! Vá para cadeia, mergulhar com os tubarões brancos, vá à tropa ou então casa só já... Mas "num" se mete lá. Isso é tipo vida de drogas, fácil de entrar mas difícil de sair.

E quando começa, todos dizem: Eu vou aguentar, um ano "nê" nada. E também, eu não sou ciumento; não há de ser nada! - Cale a boca antes que eu te "vuze" uma boa chapada da cara!
Vais arrotar mandioca rapaz! Um ano é bwé... É muito tempo. São muitos minutos. Eu melhorei bastante em Física e Matemática quando entrei nesse mundo. Ninguém mais me aldraba sobre o tempo que cada evento leva a acontecer. Faço já de cabeça!
E a carência... Ngana Zambi! A carência ganha proporções inimagináveis, Son-Goku no modo "SSSSSSS9", num modo que não existe. Eu me pergunto porque razão não existe um curso de gerenciamento de carência e insegurança; assim como há com o estresse. Isso sim merece palestra! E tem ainda as tendências suicidas que vais adquirindo durante esse tempo. Neste preciso momento, eu meteria o meu braço direito completo (da ponta dos dedos até à clavícula) na boca do jacaré só para ter as "passwords" da minha namorada. Está bem, estou a exagerar, mas eu namoraria uma mamba preta ou a víbora mais venenosa do mundo durante uma semana com direitos à vários beijos da boca e abraços só para monitorar todas as conversas.

E se a tua namorada vir com essa conversa, olhe seriamente para os olhos dela e diga:
- Querida, fale-me de casamento, mas de relacionamento à distância; não! Pois, se for para escolher os males, que seja o pior.
Mas se sobreviveres ou sobreviverem, como aqueles que estiveram em grandes batalhas... Deve dar um orgulho grande daqueles!
Isso é do tipo de coisa que ninguém se acostuma, pai. Ninguém! Ninguém! Ninguém! Nem você! Emagrecerias... Ah porque tropa, tropa... Faz-me rir!

Me digam só algo: Namorado ou namorada à distância existe "memo"? Podes chamá-lo de seu?

8 comentários:

  1. Esse texto me matou! Hahahaha. Não deixas de ter razão! Estanislau Mendes

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  2. Estanislau, essa cena é assinar a sentença de morte... Trombose à vista!

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    1. olha meu querido eu ja ri tanto que acho que criri musculos nas buchechas, mas tenho que concordar ctg,o meu damo foi fazer um curso a portugal de 6 meses !!!!!! eeeeeehhhhhhhhhhhhhhhhhhh!!!!! azar num custa!!!

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  3. Não exagera Mauro, assim me desmotivas...Mas não deixas de ter razão, realmente isso é pior que casamento. Raquel

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    1. Raquel, longe de mim querer desmotivar, mas acima de tudo te encorajar porque não terás um único momento bom na travessia!

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  4. Respondendo a tua ultima pergunta eu diria do mundo!
    desde o momento que um se afasta deixando um grande vazio, os dois terão mais tempo para fazer o que quiserem e sinceramente tornarem-se livres para o mundo, agora depende de cada um fazer as suas escolhas perante os caminhos que for encontrar no mundo, no fim os caminhos voltam-se a cruzar e aquilo que era namoro a distância volta a ser namoro de todos dias olhar um para os olhos do outro de rir e chorar pelas mesmas coisas, só depende mesmo da força interior que cada um carrega para que este relacionamento a distância dê certo e tornar o futuro lindo ao lado de que se ama.
    por isso caro Mauro se estas nesta situação não desanima, e como diz o outro: Há malas que vêm de trêm...

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