quarta-feira, 24 de abril de 2013

À Preto e Branco Era Melhor

Muitas das vezes quando começamos a analisar as gerações anteriores em relação à actual há sempre muitas controvérsias, mas é quase que unânime dizer que as coisas só têm piorado de lá pra cá.
Bem, depende de como estivermos a olhar para as coisas.

Não podemos de forma alguma nos deixar levar pelos simples contos deturpados que são orgulhosamente disseminados por esses "kotas" que não param de nos dizer que antigamente é que "defactumente kuyava" porque os jovens, actualmente, estão cada vez mais mulherengos e irresponsáveis... Gajos "pandidos", têm filhos aqui e acolá; fazem alambamento numa família enquanto são casados ou já fizeram alambamentou noutra... E os itens na lista de reclamação não para de crescer.

Após vários choques, é como ouvir as pessoas dizendo que antigamente era melhor. As coisas não estavam assim. Que gostariam de voltar a viver nos tempos remotos em que fazia-se almoço só de pedir coisas aos vizinhos, da panela à água que fosse ferver o arroz que também veio do vizinho. Se for só isso, tudo bem. Mas eu digo com todas as letras... Com. Todas. As. Letras. Que nenhuma dama dessa nossa geração, do século da saia curta, mas nenhuma mesmo, aguentaria uma semana vivendo na pele das nossas mães. Passar pelo que elas passaram!... Quem? Vocês?! Quer dizer, "tamo a brincá cô vida"! Quem és tu para aguentar um marido como os d'antigamente que tinha a coragem de te dizer:
- Hoje eu vou dormir na minha segunda mulher. Volto na Quinta-Feira e vê se prepara um bom funge com calulú de carne seca no dia em que eu chegar.
Quem és tu para ter a frieza de responder aos amigos do seu marido que ele hoje não está em casa, que era melhor procurar-lhe na "irrival", na terceira mulher porque és a segunda e hoje não é o teu dia. Quem?! Você é mulher é quem é você? Ora bolas, se só isso não é sinal que antigamente as coisas eram rijas, eu não sei mais o que vos dizer! "Num vamo tar só aqui a se fazê!" Os nossos "kotas" antigamente eram estragados, "fididos", simplesmente mais determinados que o Rambo e a sua fita. Mesmo casados, levavam os amigos para irem fazer pedido na casa alheia. Nem se comparam à esses jovens frouxos que nem aguentam chegar na cara da mulher e dizer que irão dormir na casa da melhor amiga deles, que só sabem fugir da guerra, dos confrontos de Novembro de 1987. Esses frangotes que quando uma "kandumba" diz que o período não está a aparecer, ele pergunta logo se ela deixou perder. Juram de pés juntos que são "mbacus". Pelo menos isso, sei que não pegaram dos nossos kotas... Ou não "memo". Muitos deles diziam que estavam a ir buscar a família e nunca mais voltavam. Hoje em dia temos restos de malandros. Os verdadeiros morreram lutando pela independência, ou camuflando a sua morte durante a independência.
Esses mais-velhos mandavam coragem! Eles costumavam apresentar assim: - Essa é minha quarta mulher... Assim que der apresento-vos a primeira. Assim, então, é você que iria aguentar? Você que quando encontra uma "camessage no telelê" começa já a "futucar" e quer partir o coitado do telefone? Vocês não! Três horas no terreno e vocês estariam a sair ranho. Vocês que nem podem ouvir que o vosso homem tem mais de dez amigas.

Essas nossas mamãs conhecem a cor do biquini do sofrimento. Submissas? Se você hoje não passa por isso foi graças à quem? Aos homens é que não foi!
E eu acho que após todas as batalhas que tiveram que enfrentar dá-lhes uma vontade enorme de colocarem no colo, abraçar fortemente as nossas miudinhas, e com aquele todo amor puxar a cavilha da granada quando percebem que o conceito de emancipação para essas mesmas meninas deixou de ter o poder de mover montanhas, para elas virou um motivo divinal para justificar o facto de não saberem cozinhar, lavar, engomar, arrumar e até mesmo cuidar de si. Quando elas observam que emancipação agora quer simplesmente dizer que os filhos são mais bem cuidados pelas funcionárias domésticas do que as mães... Yá, elas devem ter vontade de levar um monte delas para dentro de um ringue. Só que isso aconteceu por causa mesmo de quem? É melhor pular essa parte. Essas damas da agora gostam de bater quando faço-lhes lembrar da deficiência que elas têm. Querem vir com dicas de que andavam ocupadas com a faculdade desde os seus treze anos e que agora é tarde, "num" têm mais tempo, mas graças à Deus existem as domésticas... Uma chapada!
Epá, deixa só voltar... Ainda assim, vão dizer-me que antigamente era melhor? Acordar as cinco da manhã, não porque havia muito engarrafamento mas porque o dono da casa queria todo mundo de pé como se estivessem numa recruta militar?! Apanhar chapadas porque não respondeste uma pergunta que o velho fez, mas em contra-partida levar um baita pontapé da boca se tentasses responder... ATT: Não estou a dizer que não podiam, aliás, sou um grande adepto da pancadaria infantil sempre que necessário.

No entanto, talvez tenha piorado pra vocês que sempre tiveram electro-bombas ou água corrente, porque pra nós que tínhamos que "cartar" a água debaixo do prédio para levar até ao sexto andar, para quem tinha que ir até às Mabubas e morava na outra ponta do Marçal; para nós que tínhamos que andar treze kilômetros para ir ver uma dama que certamente nos daria um tampão... Você vai lhe dizer que os tempos pioraram só porque a tua irmã prefere meter fotos mostrando as "pacoteiras" no Instagram e no Facebook para ter mais "gostos" e comentários!? Ao meu ver até isso melhorou. Há 10 anos atrás muitas não aceitavam nem dinheiro. Hoje em dia as "strippers" estão a passar mal com a concorrência, têm que inovar. Os preços caíram, tanto das revistas masculinas como a entrada nos "stripping clubs". É de se regozijar. É de dizer que antigamente as pessoas levavam mais tempo a encontrar produtos alternativos e mais ainda para perceberem a relação de oferta e demanda. Epá, Vamos Lá Ser Sinceros... Um "like" ou um pedido de amizade não custa tanto quanto uma revista. Antes, muita gente crescia sem ver um pato sequer, hoje em dia é só entrar em qualquer rede social e lá estão os patos ou patas, com as cabecinhas para baixo e os rabinhos para o ar. Vão me falar que antigamente ninguém queria isso? "Me bão!" Me batem "memo". Dou o meu braço no jacaré.

Ah porque os tempos têm piorado... Sair da primeira classe até à quarta sem chumbar mesmo sabendo nada; "num tá mbora" bom?! Chegar até a universidade e não saber resolver uma equação quadrática... É "male"? Gostam de reclamar atoa. Seus mal-amados. Bando de "conspiras". Queriam "mazé" essa "fesada".

E quando comparam então os pedidos de hoje em dia...
Ah porque porque... Já decidi, no pedido das minhas sobrinhas eu exigirei apenas um candeeiro Petromax, uma calça boca-de-sino pré-lavada e uma TV à preto e branco de marca Philco. Aí sim eu quero ver se o madiê vai arranjar isso "aondé"!
É claro que têm acontecido barbaridades, mas é uma barbaridade exigir que se exijam as mesmas coisas. Só que se pararmos para pensar, iremos nos deparar com a seguinte pergunta: Será que foram os tempos modernos que introduziram automaticamente esses requisitos estapafúrdios nas cartas de pedido ou foram os tempos antigos que tentaram se modernizar?
Se bem que umas damas mesmo mereciam um maço de cigarro, um garrafão de vinho e uma barra de sabão somente como alambamento. Essas que até água fervida precisam entrar na Google para tirar a receita...

Já passamos por muitas coisas inadmissíveis, e actualmente só gritamos que está tudo mal porque a forma como a informação é espalhada mudou drasticamente. Já não vivemos só de fofocas, embora ainda seja o meio mais eficaz e eficiente de se espalhar uma notícia. Devemos perceber ainda que estamos cada vez mais sedentos por más notícias, nós gostamos disso. Só é notícia quando alguém cai de cara e se aleija, aquele que anda sem cair não serve de exemplo.

Se calhar ninguém esteve melhor, e estamos no meio de uma disputa de dois diabos tentando assar a sua sardinha. Mas se só agora é que estás a sentir algumas ideias a fluírem, perceba antes que eu paro por aqui porque tenho que ir na minha segunda mulher!

6 comentários:

  1. Epá, está a fazer falta de um botão "Bom Mambo"! Verdades foram bem ditas!!! LOL

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    1. Obrigado, Musette Da Cruz... Passe sempre por cá que nós estaremos aqui esperando por ti.

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  3. Essa me matou pha mauro sergio "Ate agua fervida vao a google" mais é verdade as damas do nosso tmpo xtao a dar bandeira, realmente tem havido mais preocupaçao com unhas e cabelos brazucas do k com aprendizadoa caseiros. Gostei desta

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    1. Querem ser modernas e ao invés de adicionarem qualidades, querem se reinventar do zero. Não entendo a razão de muitas mulheres confundirem cozinhar com submissão ou algo assim!

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