segunda-feira, 28 de maio de 2012

Nas Vias de Luanda

Ligo o meu carro, hoje não tenho pressa
Vou aquecer bem esse motor.
Meto alguns dedos na mudança
Estou pronto pra meter a primeira
Não adianta me empolgar porque a primeira não demora

Entra e sai já
Embraiagem de um segundo
Estamos prontos pra segunda
Vou com toda força, piso bem fundo
O trânsito hoje está bem fluído
Até parece que estou a escorregar

Oops! Estou muito vuzado para terceira
Esfregava demais o volante
Travo! Dou uma pausa, aqui está meio cheio
Respiro
Acelero novamente, pelos lados não dará,
Com muita calma, furarei mesmo pelo meio.

Está bem aberto... Oh yes!
Volto a meter a primeira, segunda e chegou a terceira
Meu carro nunca dá bandeira!
Estou me excedendo. Yep! Já está pedindo a quarta
O meu motor que é pequeno, hoje está a pedir mais caixa
É melhor ninguém interferir, estou quase a chegar na baixa.

Telefone está a chamar.
Eu digo: Alô?
-"Alô, estás a demorar muito, é melhor você vir já!"
-"Calma, estou quase a chegar", na quinta será de vez.
Uso toda mão, já imprimo mais força.
Subi com a primeira, desci com a segunda, 
Levantei a terceira, caí e deu a quarta.

Na quinta, já não sei mais o que está a cheirar dentro do meu carro.
Fumo? Calor? Não sei
Nada que eu penso está a servir
O cheiro dos pneus penetra pelas entranhas
E o resultado é meio bizarro.
Estou quase lá... "Oi, já estou a vir".

Dou a última esticada e a câmara do pneu estoira.
Bonito! Meu carro espatifou-se no asfalto
Foi um terrível roça-roça
Não controlei o volante... E agora?
E agora, como é que eu vou explicar que dei nas calmas naquele buraco?

Conduzir em Luanda não é nada fácil. Vamos Lá Ser Sinceros!!!

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Sentimento Maior

Quando o assunto em questão paira sobre os sentimentos, a inquietável pergunta que atiça qualquer mente é: Qual dos sentimentos existentes é o maior?
Será o amor, o ódio, a inveja, a cobiça? Qual deles nos deixa mais conectados à outrem ao ponto de termos premonições quando algo estiver a acontecer? Qual?

Após muitas invenstigações, cheguei a conclusão que nesse mundo não existe sentimento maior ao que os polícias de trânsito de Luanda sentem pelos condutores automobilísticos. Minha "jimanas", "mô jimãos"; vocês sabem que os meus estudos não estão errados! É algo peculiar, meio que inexplicável.

Quando estás com todos os documentos em dia, ninguém te para. Podes meter uma cara de parvo, muito sério, descontraído, atento, podes até dançar kabetula sem pegar no volante. Eles não vão te parar nunca para averiguar a sua documentação. É como se pressentissem.
Mas esquece só qualquer lenha em casa. Deixa só numa pasta qualquer. Perde só um documento. Ah! Vais saber bem! Hás de sentir o luxo a entrar em sua vida. É que o "bongô" só não se atira já no asfalto por sorte, quando estás prestes a passar por ele. Porém atinge velocidades supersónicas, tais como a do Jet Li no filme "The One" só para te multar. Você vê ele a vir à distância, abrindo alas, os lábios murmurando a dor de te ver passar, a concordar com o Waldemar Bastos, és bom como o milho, enquanto se desprende dele um sonoro não, te seguindo como se fosses a salvação da vida dele, a manteigar o pão, sabendo que tu certamente vais dar aquela gasosa bem gelada. E quando ele te alcança...
Em certas ocasiões até, nem precisas esquecer nada em casa. Basta mesmo cismarem contigo, e já está. Ele começa:
- Faculte-me a sua carta de condução e os documentos da viatura.
E tu obedeces. O polícia constata que está tudo bem com os documentos; começa a inspecionar a viatura e não tem como, está tudo bem novamente. Aí, ele aproxima-se novamente de si, e dá um grande golpe: A sua pen-drive, começas a tremer, estás perdido, acho que te apanharam. Mas por qualquer "fesada", encontras uma pen-drive e entregas ao polícia. Que afronta! Ele concentra-te bem, e no coração dele diz: Já sei como te apanhar... E como um passo de mágica, ele grita: Queira ceder-me imediatamente o seu disco do Coréon Dú! "Game Over"! Hora de facultar a "paca".

Depois da árdua e complexa negociata, só uma dica cintila em sua cabeça: Como é que com tantos carros a passar ele só viu à mim? Esses "kotas" têm feitiço.
Tipo nada, mas ele te mete "memo" a cantar o "dibinguilê".

Parece brincadeira "nê"? Mas não é! É uma situação triste, porém, os nossos trânsitos são "ngapas"! Yá, são "grandas xiras". Eles amarram umas "mabangas" no peito e umas cordas na cintura, no pulso e no tornozelo. Sempre que um desencartado passar a frente deles, as cordas começam a apertar.
Existe uma certa hierárquia. Se o interpelado estiver rebentado (sem a "uata"), a corda do pé aperta; quer dizer um "kumbú" de leve, nada de mais. Quando estás com duas infracções e tens dinheiro, a corda da mão não só aperta, como também ajuda o polícia a apontar o infractor com precisão. E se o indíviduo está com muita massa mesmo, as mãos do senhor agente ficam super geladas, sangue "quas" que "num" passa lá mais e começa já a bater palmas automaticamente.

E assim eles conseguem distinguir quem deve ser o escolhido em cada operação stop. Agora... Quando entras na contramão, passas o vermelho ou tentas fugir à um agente motoqueiro! Ah mamamamamamamamamã! Lelô, aka suku yanguê! O polícia já "ua futuka", a encostar com uma cabeça bem grande tipo dólar!
As "mabangas" dos "políces" começam já a chacoalhar, eles ficam todos vascolejados, e... Aí sim, a corda que ele tem na cintura começa a apertar, quase que se dá o primeiro caso mundial de asfixia cintural. Para acabar com tudo, calha-te num fim‑de‑semana; assim que ele te agarrar, só não mete a mão dele no teu bolso por dádiva alguma do além; você não há de lhe dar apenas uma gasosa, mas sim a famosa fórmula secreta da Coca-Cola! Vais ter que largar o salário "memo" aí no terreno, senão; bem eu acho que vocês sabem bem o que acontece à quem é avarento nessa terra.

"Num" podemos estar só aqui a se mentir, Vamos Lá Ser Sinceros meus caros camaradas!
O pessoal tem o hábito de reclamar bwé, ah porque eu "memo", eu "memo", esses senhores são corruptos, só querem gasosas para comprar cervejas e outros parlapiês de "matuje". Verdade seja dita, se eles não fossem complacentes com a concessão de multas de baixo custo, até eu que mando muita boca, já não teria a minha carta de condução. Há muito que eu mereço perder o meu baralho.
O trânsito quando te para e detecta uma anomalia, o "talo" condutor anti-corrupção é que começa a fazer olhos de boneca ao agente. É homem como você que se afirma heterossexual, um homem para as mulheres que dizem que não se vendem, mas ainda assim o tentam seduzir. "Pra" quê? "Num" é já você o "mudador" de atitudes? Só quando a batata está fria, não é? "Pro causa proque" não pedes para te multarem bem? Ham? Não pedes para levarem-te até à esquadra de maneiras a limarem-te bem o teu cabedal, darem um jeitinho na tua "muchachala" com uns bons números astronómicos porquê? Criticas, mas quando as cordas apertam para o seu carro, preferes dar uma de "Kota" Ferve!

Deixemos de "tar aqui a brincá cô vida", vamos ser sinceros com a nossa realidade e amar os polícias do mesmo jeito que eles amam à nós.
E tenho dito!

segunda-feira, 21 de maio de 2012

A Lei da Probabilidade

"Môs wis", a lei da probabilidade é uma tese que vocês certamente já devem ter experienciado em vossas vidas mas que por algum motivo, deixam passar em branco. Não as padronizam.

Ela, tal como a lei da recompensa que enuncia que quanto maior a região saariana de uma mulher, menor a região austral e que quem ganha beleza, perde inteligência; é muita das vezes desprezada. Temos a tendência de achar que não é verdade. Obviamente, excepções à regra existem, porém, as excepções são tratadas como casos raros. Razão pela qual todos os anatomistas de plantão queiram examinar as anomálias, causando assim muito "balumukenu" entre os concorrentes.

Mas o que é que essa lei enuncia?
A lei da probabilidade ordena que sempre que uma rapariga afirmar que tens uma relação íntima com uma mulher, por mais remota que pareçam as suas chances, então, deves actuar urgentemente e ponto final!
Essa é uma lei que vem com o intuito de acabar com as amargas dúvidas sobre ir ou não ir disparar balas rijas no peitoral de uma dama. E imaginem só a grande benção que essa lei divina traz às nossas vidas... Adivinhem... Ela funciona até com as angolanas. E é nesse momento, que quem, como eu, passa a vida a travar grita: Ámen, irmão! Ámen! Oh, shalabacana!
É um tremendo avanço naquilo que compõe o difícil manual de circulação em terrenos baldios e minados que constituem 90% do coração das angolanas. Graças à Deus, os outros 10% contêm apenas crateras.

Seja por curiosidade ou por um simples exame técnico para saber quem está no teu terreno, elas sabem distinguir quem são as potenciais candidatas ou rivais. Existe qualquer código secreto ou meio de rastreio que as permite saber à quem é que elas devem prestar mais atenção.
Por exemplo: A sua namorada nunca desconfia de uma dama que você jamais botou o olho. Mas basta só teres um pinguinho de ideia, mesmo que a olhares com os olhos fechados, lá está ela com o seu radar embutido detectando movimentos estranhos. Vai te fazer bwé de questões sobre a dita-cuja e te deixar em sérias dúvidas sobre as suas capacidades "camuflativas". Após isso... Poom! A investigada afinal está mesmo a te "morrer"; um gajo até grita: QUE MAGIA É ESSA? A cara "quas" que racha!

Digo e repito: Se uma mulher disser que você está a flertar com alguém, acredita... Você deveria estar flertando. Não perca tempo. Avança, pula nessa cena, "num" dá só uma de boa pessoa. Tens que dar uma de Rambo, eu sou o bom, mas quem mata aqui sou eu!

Eu sei que tem mulheres aqui a falarem: Ah, isso é relativo. As vezes é só um equívoco.
Ok, pode até ser, mas como é que vocês conseguem acertar mesmo quando estão equivocadas? Qual é o nome dessa "pegada"?

Por isso, Vamos sem querer Ser, mas já sendo, um pouco Sinceros.
Fique sempre atento, quando uma amiga dar uma que desconfia o que não está a acontecer, você não pode dormir, avança já com as papeladas para aquisição do material. Tente aproveitar o tempo perdido.

E por mais que me doa admitir, as damas nunca erram nesse aspecto! Fique atento! Elas são uns multímetros vivos!

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Tatuagem do Amor

No princípio era Adão, Eva e os sogros do Adão. Depois daquela grande borrada, só mesmo os sogros para segurarem o mano Adão com a Eva. Os tempos foram passando e os sogros decidiam e mantinham os seus genros.
Porém os pais da Eva não erão imortais, e para o mano Adão não "sapar", Eva teve que mandar vir reforços. Caim e Abel.
E assim começou a era da barriga de segurança.
Como nada dura para sempre, Adão, só queria já assumir os filhos. Trocando muita das vezes a Eva pela Minga.

Foi aí que Eva pensou:
Que homem é esse que não quer que uma mulher tatue o seu nome numa das partes do corpo? Que homem? Para qualquer homem, essa seria uma perfeita demonstração de fidelidade, porque "num" vamos estar só aqui a se mentir. Que se dane o amor, todos querem fidelidade. É como se ninguém mais fosse ter a possibilidade de plantar qualquer lenha que fosse naquele terreno. É seu e só seu. Não haverá obras embargadas, muito menos reservas fundiárias. E assim todos viveriam felizes para sempre!

Entretanto, dessa vez a Eva não precisou da cobra para se "payar".

Na vida real todo homem quer isso, nem que depois venha a se arrepender por ter permitido tal acto. No momento, no fundo "memo" do cérebro, no macôco do coração, ele quer.
Só que queremos duma forma surpreendente. Sem precisar falar. Duma forma arrebatadora, que leve com ele o fôlego e nos faça soluçar que nem bonecas. Porém... E é aqui que a realidade começa a portar-se mal. As coisas acontecem um pouco fora do seu "timing".

A maior parte das mulheres recorrem à esse método de pesca quando já se sentem inseguras. Para provar que não há razões do rapaz se afligir, elas tentam dar o xeque-mate, com uma jogada supostamente mais certeira do que a barriga de segurança. Só que se esquecem, que o comportamento não mudou por insegurança. Qualquer ser-humano inseguro corre atrás. Quem gosta de perder? Preferimos deixar perder.

Com essa jogada ela acha que ficará tudo bem. Bem, ele realmente fica eufórico. Começa já a imaginar os "kambas" a se baterem no chão, com um ar nebuloso de incredibilidade. Respeitando e reverenciando o camarada. Mesmo se ele fosse um cabo no grupo, subiria já para general. Afinal, tatuagem é tatuagem.

Agora, para quem ainda não foi presenteado com uma tatuagem, o que fazer?
Vamos Lá Ser Sinceros!

Se fizeres uma análise profunda como o nosso IRE (Instituto de Relacionamentos e Estatísticas). Hás de notar que o segredo da tatuagem está na "bofatada" e nos maus-tratos. Sim, sim, sim, sim! Está tipo brincadeira "nê"? Parece mentira? A verdade é "memo" assim, totalmente surreal.

Toda dama que tem o nome tatuado sofre grandes grelhas palmares na relação. Ao invés de ser elevada ou posta no pedestal, é promovida à saco de pancada.  Se lhe pisarem no peito então... Até o nome do tataravô ela colocará no pescoço.
Não sei agora se o "madiê" quer tirar a tatuagem com "suquetos" da cara da dama, mas é assim mesmo que acontece!
A maioria delas já nem merecem ser chamadas de angolanas. As angolanas são poderosas. Mas epá, com a facilidade de contacto que temos agora com o Dubai, é bem provável que algumas estejam a ser importadas.

Normalmente, as que costumam tatuar, já sabem que tem uma fulana no pé do fulano, ou que a "ex" quer voltar, ou que já não lhe dão tanta atenção, ou porque quer provar que aqueles que passaram na vida dela não chegarão aos pés dele.
Uma análise muita lógica, digna de uma grande jogada de xadrez. Se não fosse o facto de fazerem isso pelos homens errados. Que pelo que temos vistos... São muitos, senão mesmo todos. Ou será que a culpa é mesmo do dedo podre das nossas magnânimas? Será que escolhem os seus homens com o cotovelo?
Mas minha "wi", me diz "inda" se já estão a te pontapear, que tipo de minhoca é essa que fura as suas membranas neuronais e a faz tatuar? Depois, quando trocam de namorado, vão meter um monte de flores em cima do nome para disfarçar. Você até olha no pé dela e diz: Aqui tipo estão a jogar "bica-bidom", tem algo se escondendo nesse arbusto.

"Num" tranca só a cara tipo "tou" a mentir; para e pensa antes de abanar a cabeça: A sua amiga que tatuou o nome do seu mais-que-tudo, lhe tratam bem?
Você sabe a resposta. Ela deveria ser chamada de Criollitas de tanto lhe bolacharem.
Tem muito "omem" achando que só porque ela tatuou, nenhum tropa vai se atirar lá. "Môs" manos, deixa já vos avisar: O Rambo existe!

Pelo sim, pelo não, já sabes. Queres ver seu nome tatuado com todo o amor do mundo? Coloque tudo na palma da mão e desce na cara dela. A OMA não gosta, mas funciona! 
"Num brinca cô vida"!

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Assalto Ao Sistema Bancário

O banco que fica na área do Lar do Patriota em Luanda foi assaltado.
Oh meu Deus! Aonde é que esse mundo irá parar? Estou tão triste pelo sucedido.

Xê! Vamos Lá Ser Sinceros! Esses truques de boneca aqui não. Recebi essa notícia como se me dissessem que o meu filho acabara de nascer! SENSACIONAL! Estava tipo o Ludacris, da minha boca só saía: Yeah, baby yeah!

É que eu, e muitos outros "usuários" das redes bancárias daqui da banda estamos fartos de entrar no banco a rir, e sair a chorar.
É sempre a mesma cena: - O senhor vai nos desculpar, mas não temos sistema.
Chegas já bwé sério, a transpirar e tudo, lá um dos agentes te atende todo prestativo, depois de comeres uma boa bicha do focinho, ele demora lá uns 20 minutos e depois olha para si, você ri, o seu coração grita "PACA NA HORA", e ele diz: O sistema acabou de cair. Mas... Seu... Olha... O que é que o senhor estava a fazer enquanto o sistema estava de pé?
Começamos a achar que o "talo" sistema ou tem poliomyelitis ou está a fazer "tentem"; quer dizer, está a aprender a andar. Quando não há sistema, não há dinheiro.

Entretanto, o que mais me surpreende é nada mais, nada menos, assaltarem um banco e... Vejam só... Conseguiram levar o "kitadi"! Co-mo?! Como é que conseguiram fazer isso? Quer dizer, "pros" gatunos têm sistema "nê"? Para vos roubarem, vocês até conseguem arranjar sistema, para os gatunos levantarem o dinheiro condignamente. Mas quando é o "mô kumbú", de ir lá levantar honestamente, "num" me dão. Ah, porque "fiôko-fiôko o sistema "bônho"!
É "pro causa pruque" porquê então?

Assim para levantar quatro mil kwanzas, terei antes que empunhar uma arma e assaltar o banco? Chego lá, todo bem vestido, porque se estiver mal vestido não vão me dar mesmo, e digo: Quero assaltar quatro mil kwanzas dessa conta aqui. Ham, a propósito, quero factura. E daí ponho-me a correr.

Pelo que pude apurar, os bandidos quando chegaram na agência, não deram tempo à ninguém. Aquilo foi chegar já pisando no peito dos guardas, grelhas nas caras das agentes, o sistema tenta cair, simulando um desmaio, mas eles eram mais "fididos", agarraram o sistema, "bofatadas cô o sistema", quem é que disse que o sistema "num" levanta para poderem tirar o dinheiro à vontade. Quem? "Tás a brincá cô vida ou quê"?

Lá os bandidos saem do banco e sobem no carro para fugir, tipo em Joanesburgo, só que com mais engarrafamento. Eles ficam presos no engarrafamento, o sistema sai e corre na rua a gritar: Eles estão aí! Os polícias também sobem nos seus carros, mas também muito engarrafamento com eles. Até conseguiam ver os bandidos lá em frente, mas estava a fazer muito sol e os polícias não queriam sair do carro e depois transpirarem desnecessariamente. Esperaram "memo" no carro. Depois vimos os helicópteros...

De momento, não há sinais dos bandidos, nem do sistema! Haver vamos, quem há de chegar primeiro.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Interpretação ao Vivo nas Festas de Luanda

Pausado, a fazer um "rollet" pela internet, cai-me o link de um website dado por uma amiga em que o título do link era: Sexo ao vivo nas festas de Luanda.
"Maro" aquela lenha, mais de 100 comentários. Finjo-me também de intelectual e começo a ler a cena.
No final, comecei já a espumar, de repente os meus "kalundús" me subiram e lá estou eu na sala a "bungular" no tapete. Tudo porque no santo texto só faltou dizerem que a nossa sociedade tem tudo para não ser irracional! Aiê?
- Ah, porque não, "jovens na idade de "leito", sobretudo meninas, tornam-se "prezas" de rapagões que deleitam endiabrados". "Nas zonas periféricas, os rapazes pagam 200 usd". Aiê?

Antes de mais, querem dar-nos a impressão que é um mero fruto da vulgaridade e de um desejo sedento de ter os ares de Sodoma e Gomorra pairando sobre nós. Aiê?

"Nos últimos tempos tem sido frequente o aumento de sexo ao vivo nalgumas festas da cidade capital. A imundice transvaza o racional". Aiê?

Se for só de falar, eu também aguento. Mas estão aonde os porquês? Porquê que isso tem sido frequente?
Mas para você apelidar que algo "transvaza o racional", não deveria antes existir uma certa referência que dar-nos-ia a possibilidade de medir o que realmente é racional ou não para a nossa sociedade? Essa referência de medida, não chamam de educação nem nada?

Agora é que Vamos "memo" já Lá Ser Sinceros! Se "memo" você, o "talo" jornalista que está indignado, está a escrever "prezas, rav, rays, streep", comete erros absurdos de número em suas frases num texto tão pequeno, está a dar uma de que está surpreso com o andamento da nossa sociedade? Logo você? Aqui estão a mandar indignação. O que podemos esperar duma sociedade que nem mais nos órgãos de comunicação podemos aprender a escrever em condições?

Eu sei, nesse momento estás mesmo a dizer, o Mauro não poderia fazer isso, que fingisse "inda" um pouco. É por fingirmos que estamos assim. Os que estão sempre a errar não são repreendidos. Nós estamos a chafurdar na lama por falta de um bom ensino académico. Quem aparece para dar exemplo, parece-se mais com uma conta de 1+1, ou seja, o que aprendes com esse exemplo de nada te ajudará na prova.

Voltando às nossas festas...
Que festa é essa que alguém da periferia consegue pagar 200 USD? Será que a família toda do Bill Gates está no Cazenga? Sambizanga? Precol? Será? 200 USD para ir à uma "rave"? Numa zona em que nada ou quase nada existe, as pessoas dependem da sua força de vontade, garra e imaginação para continuarem a sorrir, estão a espera que predominem festas de gala? Não, talvez uns bailes de máscaras. Aham, não. Querem que as pessoas vistam-se decentemente, porque é assim que deveriam vestir, visto que em 1998 naquela época ninguém metia colã, muito menos metiam calções a mostrar as bochechas. Isso aconteceu de repente. Aqui tipo "tão" a "brincá cô" vida! Ou não "memo"! Estão todos a viver a vida.
Mas então, você que desde manhã até à noite está a "travá cô vida", está a ver um certo glamour nas saias curtas, estórias de que é preciso viver a vida. Ah porque escola mesmo não dá para nada. Mínima brecha é flash daqui, flash d'acolá, se desse até seria o Flash da televisão. Assim só vais mesmo resistir por gozo à tentação?
Quando um assunto desse é trazido à tona, "tril" trilhões de comentários cingindo-se apenas à condenação. Poucos são aqueles que aparecem com uma ideia plausível explicando que nós estamos a discutir consequências. Em engenharia, ensina-se que consequências são alteradas se entendermos as causas. Consequências são como os gostos, não se discutem. Mas as causas... Sim, essas sim!
De tudo, o que mais me admira é que à luz do sol são todos uns santos, ninguém gosta, todos criticam... Agora eu pergunto: Será que só se envolvem nessas cenas quem não tem acesso à internet? Porque razão ninguém dá as caras nesse momento? Se temos tantos intelectuais e homens descontentes assim, porque razão poucos são aqueles que ao menos num único Sábado do mês vão à uma escola pública ler ao menos uma estória para os meninos?
Aham, estavam "pelenguenhados" ou não tinham mesmo vontade?
Assim eu também faço meus caros, assim eu também falo!

Quando é que iremos interiorizar que não passa apenas em dizer que não está bom? Quando é que iremos perceber que de acordo a nossa percepção do mundo, os gostos também variam?
Temos uma sociedade que para perceber muitas coisas vistas na TV, precisa de cenas sem ambiguidade, não aprendem o correcto vendo o errado, muito menos o correcto com o correcto. Quando passa algo não aprendem, imitam!
Dizer que está errado não basta, se esse erro não for devidamente explicado. Não é assim que aprendemos na escola? Não?
O que eu estou a tentar dizer, é que:... Eu não vou esclarecer nada, interprete do seu jeito.

A nossa sociedade já se perdeu na geração dos nossos pais. Mas só agora é que estamos a ir para as ruas bater lata. E isso está a deixar muita gente sonolenta, alarmada.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Macumba Online

Esse assunto é que nem Moët & Chandon. Cada um tem o seu ponto de vista acerca do sabor. Uns atiram-se ao chão de desgosto, outros escrevem cartas de amor e sonetos de adágio ao produto.

Na minha África o mercado de trabalho não anda muito bom para os nossos kimbandas. Xi, parece que uma espécie de crise europeia abalou completamente as estruturas de quem há muito trabalha nessa área com amor e carinho. Tudo porque um macumbeiro europeu não é um simples macumbeiro. Ele é um mago! Um homem que congrega em si um "kibuto" rijo de conhecimentos, todos querem o conhecer, e estar ao seu lado, são sucesso absoluto. Pois é, um feiticeiro no qual você deve deixar os "i’s" soarem bem; para o europeu você tem que afinar e muito.

Já um africano… Ai um africano! Até eu se apanho um "feticero" dessa estirpe piso-lhe no peito e lixo-lhe a "muchachala" toda juntamente com o cabedal. Tal como a trotinete de madeira que começou cá e regressou metalizada e muito cara, o mesmo aconteceu com a feitiçaria. Só é bonito se for "Made in Europe". Doutra forma, "mbora" lá matar os camaradas.

Entretanto com essa cena de globalização e tecnologia, surgiu a macumba online. O que fez com que muitos homens de "pembas" largassem a função. Você recebe um e-mail ou um post no Facebook detalhando uma estória, e no final: Reenvie senão a sua mãe morre. Muitos enviam e reenviam, mas sinceramente; adianta mesmo? É muito trabalho para pouca gente. Quer dizer, tirando os pedidos que chegam nos gabinetes dos "chiras", agora também têm que matar as mães de milhões de desconhecidos? E para piorar nem metem o endereço. Ah, porque a tua mãe vai morrer se não reenviares. Assim o coitadinho do "kimbanda" vai lhe apanhar aonde? Como é que ele vai montar a "tala" (mina terrestre tradicional)? Ham?

Se antes, os bruxos bungulavam em sua porta ao som de músicas sem ritmo, materiais gastos e tal, o que faziam com que as danças saíssem mal; de lembrar também que dispunham de poucos toques de dança, eram mais jaracuzas, poperôs e gato preto; diminuindo assim, o grau de efectividade das suas acções drasticamente por gastarem muita concentração ao escutar a música de ataque e repetir muitos toques.
Hoje em dia, eles cruzam já com um dj de renome tipo o Malvado ou mesmo o Kapiro na porta das suas vítimas. O dj põe-se a “suculentar” muito som rijo a saírem numas JBL e o kimbanda puxa o seu portátil e começa a mandar os toques na porta. Em caso de dúvida ele pode rapidamente aceder o You Tube e checar um toque novo que já esteja a rolar.

Sabendo que as coisas funcionam mais à base da proximidade, e no caso das "talas" é fundamental que o "kota bwé" saiba aonde a sua vítima irá passar para que possa pisá-la. Como é possível vocês quererem matar alguém por e-mail?! Co-mo? Assim "memo" se isso fosse possível vocês acham que os Estados Unidos da América iriam vos deixar em posse dessa divindade? Achas que iriam destruir nações quando poderiam apenas mandar um e-mail para o Saddam Hussein, Muʿammar al-Qaḏḏāfī ou mesmo para o Osama Bin-Laden? Era só um e-mail e já era!
É que seria festa grande! Estás furioso com alguém, e simplesmente dirias: Só se nunca mais abrires o teu Facebook ou a tua caixa de entrada de e-mail, porque eu vou te mandar uma pemba rija. Todo mundo estaria a correr das redes sociais porque estariam a se "bondar" por tiros online! Queres a namorada de alguém, era só mandar: Se não enviares para 3500 pessoas a tua namorada será minha. É que para pôr o "me gosta" não seria mais aquele trabalho todo de ter que "tramancar" o biquini da pinta para se fazer o grande trabalho. Tudo seria mais rápido e ao alcance de qualquer um.

VamosLá Ser Sinceros! O que é que leva alguém a reenviar essas macumbadas electrónicas? Será o simples apetite de cair numa estupidez? Querer reconhecimento da sua falência neuronal?
Assim mesmo sentaste, leste, e logo após gritaste: "Uauê, "lelô"! Deixa enviar agora "memo", antes morrer a mãe do meu amigo (porque você envia ao seu amigo) do que a minha! Se a "kota" então entregar as pastas (bater as botas), vais assumir a autoria do crime? Isso é o cúmulo do medo e da superstição, misturada com 15 colheres de egoísmo numa solução já saturada.

Falando em crime... Será que esse tipo de desacato deveria ser considerado como uma tentativa de homicídio culposo?
Por outro lado; será que eu é que estou enganado e no final das contas são todos uns bruxos aqueles que enviam essas mensagens aos outros? Pode ser que tenham ido à um "kimbanda" buscar feitiço mas antes de receber o pau deveriam enviar 150 e-mails aos seus amigos pedindo para reenviar, senão nada feito.

Pensando bem, a tecnologia deve ter mesmo afectado tudo. E como no caso das superstições nós raramente sabemos quais têm sido as inovações, se calhar os bruxos estão mesmo a criar esses posts e a publicarem no "wall" dos seus amigos. Pelo sim, pelo não, vamos deixar os pancos se divertirem um pouco.
O pior será se no final de tudo, eles estiverem com a razão!